Daquelas para dias chuvosos
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A Angel enviou-me um encomenda à 3 semanas, mas só ontem a consegui ir buscar. Já sabia o que era, mas foi como mais uma prenda de natal atrasada! Uma caixa repleta de doces e prendas!
Envergonho-me a confessar que já comi tudo Mas tinham tão bom aspeto e eu estava a sentir-me tão triste! Tinha de afogar as magoas em alguma coisa!
Em 2017 comecei a ler a série do Gabriel Allon escrita pelo Daniel Silva. Comecei pelo 14º livro, sem saber ainda que se tratava de uma serie, então agora estava motivada para a completar.
Já andava à duas semanas à procura do primeiro livro e não o encontrava em lado nenhum em português. Acabei por me resignar e compra-lo em inglês pela Bertrand. 13€. Não era uma compra má. E lá esperei uma semanita para receber o email de que o meu presente de natal atrasado estava na loja pronto para ser levantado.
Quando lhe peguei, ainda escondido pelo cartão, parecia-me muito leve, mas não liguei. Só quando cheguei a casa é que me apercebi que, por engano, tinha comprado um livro de bolso em vez da versão grande!
Não sei quanto a vocês, mas sou muito particular na maneira como organizo as minhas estantes dos livros. Estão todos organizados por altura e coleção, mas agora...o quê? Meto o livro pequenininho no meio dos grandes para estar junto da coleção ou meto-o ao lado dos pequenos e fica longe da coleção? Pode não parecer um problema de outro mundo, mas estas particularidades que me vêm muito do autismo fazem-me pensar sobre estas coisas. Tanto porque vou ficar extremamente incomodada se o meter no meio dos grandes, mas também levemente incomodada se o manter longe da coleção.
O que fazer, o que fazer.
Era suposto levar a injeção das alergias hoje, mas estava tão cansada que nem da cama me consegui levantar. Isto é: cansada depois de dormir mais de 8 horas.
Entendo que esteja doente e tal, mas estar a falecer interiormente ao ponto de não me conseguir levantar da cama e adormecer mesmo com o despertador a tocar não é normal.
No fim de semana enervei-me tanto com as atitudes do meu pai e do meu irmão que agora, adivinhe-se, estou doente. Já não me acontecia à muito tempo e é sempre detestável quando a saúde mental começa a ter sintomas físicos destes que nos põem pregados a uma cama sem nos conseguir-mos levantar.
Durante os últimos 8 anos tenho travado uma luta com a minha saúde mental.
Tenho tido os meus altos e baixos, principalmente com o fim da minha antiga relação, a pandemia e o desaparecimento da minha mãe, muitas das vezes sem qualquer apoio emocional, completamente abandonada à deriva.
Pedi muitas vezes ajuda e muitas outra fui ignorada ou ridicularizada, feita de maluca, ao ponto que deixei se quer de procurar consolo fosse em quem fosse, fechando-me em mim mesma. Até que um dia percebi que estava a bater no fundo e fui eu bater a portas, procurar por apoio profissional.
Entre psicólogos e psiquiatras, tenho tentado levantar-me quando a vida me deita a baixo.
De momento estou a testar um novo psicólogo, pois a anterior deixou-me, mas dou todos os louvores ao meu psiquiatra que me tem ajudado incansavelmente.
Sento que perdi os últimos 5 anos da minha vida para a depressão, a ansiedade e outros distúrbios e culpo-me por isso. Mas com esta ajuda que encontrei, a medicação, o conforto, estou a tentar viver a minha vida novamente. Um recomeço que não seria possível se eu não admitisse que precisava de ajuda e tentasse agarrar as mãos estendidas.
Hoje foi um dia calmo como já não tinha à algum tempo.
Bebi o café na varanda e lá me sentei com o computador ao sol.
Acabei por também trazer os materiais de pintura para a varanda e fiquei por á durante duas horas no meio de telas, pinceis e ar livre.
Fiz um currey para ao jantar e comi na cozinha enquanto vi-a Stranger Things que não sei se acabo hoje, porque a caminha já chama.
Estive presa numa relação tóxica durante mais tempo do que deveria. Muito por minha conta, guiada por esperanças que me eram dadas, recusando-me a largar o que todos me diziam estar a corroer-me por dentro e por fora.
Algures em 2021, houve um clique. Disse-lhe as ultimas palavras, deixei claro que não a queria no novo capitulo da minha vida e segui em frente. Vi pessoal casualmente, sem qualquer intenção de começar uma nova relação tão cedo mas...o que as pessoa dizem é verdade: As coisas acontecem quando menos se espera.
No começo foi estranho. Estar com alguém sem haver aquela tensão sombria e pesada entre nós. Tudo parecia simples demais. Demasiado fácil. Onde estavam as discussões diárias? O atirar de coisas contra as paredes? O suster da respiração quando sentia que algo estava errado? As palavras e olhares frios só por ficarmos umas horas sem falar, sem saber se o amor de uma hora continuaria na seguinte?
Durante os primeiros 5 meses foi difícil aceitar que podia ser simplesmente assim. Feliz.
Rir só porque sim. Sentir um calor por dentro só de lhe ouvir a voz. Ser recebida com entusiasmo quando chego a casa depois de um dia atarefado.
Estava tão habituada a uma realidade mais opressora que foi difícil aceitar o porto seguro que encontrei muito por acaso. Alguém com a qual podia simplesmente ser eu.
Podia finalmente vestir o que queria, cortar o cabelo como me apetecia, cantar à mesa, abrir a boca sem medo de dizer algo errado que estragaria o dia.
Tenho sorte de a ter nesta fase complicada da minha vida, quando estou a recomeçar de novo depois de anos perdidos.
Consigo finalmente compreender o que é o "domestic bliss" de que tantos falam. Fazer o pequeno almoço e sentar-mo-nos na varanda a beber café pela manhã mesmo sem falar, só a aproveitar o sol que decidiu espreitar sem sentir desgaste por mais tempo que passemos juntas.
Realmente perceber do que se trata o amor. Tão nosso e só nosso sem necessidade de artificialidade mesmo nos dias maus.
Ama-la todos os dias um pouco mais.
Desde que a minha mãe nos deixou, todos andamos de mal a pior. O meu irmão e o meu pai possivelmente os piores casos. Desde o fim de novembro até agora que as coisas com eles têm deteriorado rapidamente. Já aconselhei ambos a procurar ajuda; um psicólogo, um psiquiatra, mas ambos me dão a mesma resposta.
"Não preciso."
A saúde mental de ambos está a sair de mão e, por mais que eu fale e aconselhe, desvalorizam. Não sei mais o que fazer ou dizer para os ajudar nesta situação.
Nestas noites que andam tão frias e sombrias, tenho saudades. Quanto mais entramos no inverno, mais eu sinto falta da companhia dela em noites de insónia.
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